Wednesday, August 07, 2019

Vamos falar de preconceito sem romantização e coisas ‘bobas’?




É sabido que o preconceito vem de uma falta de empatia pelo diferente dos padrões estéticos



Nessa segunda-feira (5), lá estava eu ouvindo o programa da Jovem Pan, Panico, e estava dois convidados, um era o Flávio Morgenstein e o jurista Tiago Pavinatto discutindo pautas da politica hoje. O doutor Pavinatto disse que no Estatuto das Pessoas com deficiência é uma politica anti-manicornial do PT (Partido dos Trabalhadores) acabou com as pessoas incapazes e pegou todas as pessoas com deficiência mental e colocou em um mesmo patamar que elas não são interditadas. Claro é uma opinião, pois, quem leu o Estatuto das Pessoas com Deficiência sabe muito bem, que quem provar que pode ter a consciência dos seus atos, pode não ser interditado. Por que? Porque havia uma interdição por qualquer coisa e por todas as famílias, por causa de uma filosofia de infantilizar as pessoas com deficiência. No mesmo estatuto está, que a interdição só é feita pelo psicologo especializado e não pode ter qualquer psicologo, coisa que a gente sabe, que acontece. Várias mulheres com deficiência são mutiladas porque a família acha que elas são incapazes de tomarem decisões e, pelo que podemos ler, não só as mulheres com deficiência mental.
Esse tipo de pensamento é um pensamento corriqueiro dentro dos arredores da sociedade. O ser humano nunca gostou daquilo que fosse diferente, porque de modo evolucionário, o ser humano não gosta do diferente porque ele tem que entender aquilo. Pensar para a maioria dói. Esteticamente, o ser humano olha para uma pessoa e tem que ver certa semelhança senão, ele não assimila ser da mesma espécie e vê como um perigo eminente. Se não vê como um perigo, vê como um ser indefeso que não vai poder se defender. Existem dois fatores sobre o preconceito: primeiro, existem as pessoas ignorantes e segundo, existem as pessoas que não querem entender.
Quando falamos de ignorância eu não estou falando de pessoas que não sabem de nada – ou são alienadas do mundo – estamos falando de pessoas que não convivem com uma pessoa nessas conduções. Pessoas que tem preconceito contra homossexuais, tem mil questões sexuais mal resolvidas – muitos homens têm preferência em ter homens envolta do que mulheres – assim como, existem pessoas que acham que as pessoas com deficiência sofrem. A um dois ou três anos, um biólogo famoso, Richard Dawkins, disse que é imoral uma mãe ter um filho com Síndrome de Down. Um biólogo sabe de síndromes genéticas – ainda mais ele, que escreveu o bestseller, O Gene Egoísta – e sabe, que o ser humano pode se adaptar dentro de uma adversidade da sua realidade. Somos seres altamente, adaptáveis. Isso fez a raça humana sobreviver aos milhões de anos que nós estamos aqui na Terra (que, inegavelmente, é redonda).
E tem outras pessoas que acham que as pessoas com deficiência que não podem exercer nenhum cargo, por causa da sua limitação. Existem pessoas que acham errado, até, sairmos e atrapalharmos seu “sagrado” passeio num dia de domingo. Pegar sua vaga no estacionamento e assim, ter menos vagas para as pessoas “normais” pararem. Só as pessoas “normais” tem todos os direitos, devem trabalhar e não devem ser incomodadas dentro de um shopping. Será mesmo que toda essa imagem moral são de pessoas que se dizem “do bem” por causa de uma religião?
A amostra maior do preconceito foi o regime nazifascista que dizimou o que achou que era inferior aos que achavam serem “arianos”. Não vou explanar o que seriam esses “arianos” - mesmo o porquê, o texto não é sobre – mas, dizem que a única vez que viram Hitler chorar, foi quando assinou o decreto para matar as pessoas com deficiência nos hospitais públicos da Alemanha. Mesmo assim, muitos comandantes nazistas – incluindo Hitler – eram ou tinham a suspeita de serem meio judeu, eram homossexuais, eram pessoas com deficiência – o ministro da propaganda teve paralisia infantil e Hitler tinham problemas no joelho por causa de um tiro – e tinham transtornos e síndromes. Por exemplo, Rosenberg era depressivo e ansioso. Então, tudo que rejeitamos em nós, temos que culpar o outro, aquele que me fez ver que não sou perfeito, porque, sou humano.



Tuesday, July 30, 2019

Estudos mostram: A lei de cotas para pessoas com deficiência é ineficaz




Resultado de imagem para cadeirante trabalhando
Muitas pessoas com deficiência, dizem que não há oportunidade e não há profissionais de Recursos Humanos preparados para entrevistas

Muitas pessoas com deficiência queriam ter uma oportunidade de ter um emprego e ganhar seu dinheiro honestamente. Muitos, também, não conseguem ganhar o BPC (Beneficio de Prestação Continuada), por serem aptos ao trabalho, ou a rede per capta familiar, não é semelhante ao que está no critério do beneficio. Então, o que fazer? Muitas pessoas com deficiência recorrem ao trabalho informal (freelance) que pode ser rendável, ou pode ser que não.
Segundo o blog Amarelinho, cerca de 330 mil pessoas com deficiência estão no mercado formal, dentro de um universo de 7,7 milhões de profissionais que estão aptos a trabalhar. No último dia 24 de julho, a Lei de Cotas, que – na teoria – obriga empresas a partir de 100 funcionários em contratar pessoas com deficiência, completou 28 anos. Segundo o pedagogo e orientador do Serviço de Inclusão Profissional da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Paulo, Victor Martinez, que a partir da promulgação da lei, que foi em 1991, as empresas tiveram bastante tempo para se adaptarem e a fiscalização se concretizou só na década depois. Só dai, deu um salto. E dai dá um exemplo, que em 2001, se tinha 601 pessoas com deficiência trabalho dentro do Estado de São Paulo e hoje, são cerca de 130 mil.
Porém, há muito do que avançar na questão. Porque, segundo dados do Instituto Ethos, apontam para o número de 7,7 milhões de pessoas com deficiência – e as empresas acham que não tem pessoas com deficiência qualificadas – qualificadas e com idade de serem contratadas no Brasil. Apesar desse grande número de pessoas com deficiência qualificas, somente, aproximadamente, 330 mil pessoas com deficiência estão com emprego, ou seja, somente menos de 5% de toda força de trabalho.
Porém, no site do jornal A Tarde na parte Emprego & Negócio, que a presença de profissionais com alguma deficiência no mercado de trabalho tem crescido em todo Brasil. Num estudo do extinto Ministério do Trabalho, indicou que em 2018, o número de pessoas com deficiências contratadas no Brasil bateu um recorde, com mais de 46,9 mil profissionais que ingressaram no mercado de trabalho, que seria um crescimento de 20,6% em relação ao ano anterior de 2017. Os números do ano passado são bem maiores desde 2003, quando se começou a registrar. Segundo o estudo, uma parte dessa consequência, se deve a lei de Cotas.
O artigo traz exemplos como a da Cencosud Brasil que é a quarta maior empresa de supermercados do Brasil e tem em seu quadro de colaboradores mais de mil pessoas com alguma deficiência, que é dividida pela sua rede Gbarbosa, Perini e Mercatil Rodrigues. Entre esses funcionários se encontra Jacilda Costa, que é funcionaria do Mercantil Rodrigues há seis anos, que possui visão monocular – ou seja, anda e tem pouca necessidade de adaptação – que ocupa o cargo de analista de RH e chegou a trabalhar numa cafeteria. Segundo ela, mesmo não sendo seu primeiro emprego, sempre sentiu o preconceito que ainda existe de que o deficiente não é capaz, mas, no atual emprego, não existe. Na visão de Jacilda, a Lei de Cotas ajudou muito nesse sentido, já que o preconceito sempre não ajudou muitas pessoas, principalmente, quem tem deficiência física.
Ora, se sabe que não é bem assim, pois, na maioria das vezes, as empresas já pedem experiência e boa aparência. Sites mostram que as pessoas com deficiência só trabalham se estiverem em instituições ou em redes de supermercado que ninguém conhece. Onde fica um Gbarbosa para se comprovar a notícia do site? Por que não entrevistam gerentes de empresas conhecidas como uma Magazine Luíza ou uma Casas Bahia, por exemplo? Por que não entrevistam donos de agências de publicidade? Além disso, se pode pegar o exemplo da Jacilda Costa, onde ela é monocular que anda e não precisa de maiores adaptações nos prédios e empresas. Esse é o problema.



Monday, June 15, 2009


Pensamento que enganam o homem

Por Marley Christina Felix Rodrigues

10/06/2009

Hoje se pensa que o mundo está evoluído, mas infelizmente essa não é a realidade. Hoje se fala que o mundo está mais fácil de se viver, que as mentes estão mais abertas para seu desenvolvimento.

Hoje diz que o mundo está mais aberto para discutir vários assuntos, como a deficiência. Isso é mentira, hoje muitos deficientes não tem autonomia em sua própria casa, não tem o direito de falar o que pensa, sente etc. E quando ele procura falar entre a família é crucificado. No mundo onde vivemos, sinto na pele como o deficiente que sou o mundo está regredindo. Muito se falou sobre o nazismo em especial em Hitler, pela sua crueldade, mas acredito que todo ser humano tem um pouco de Hitler.

Pois no mundo todos pregam o amor, mas não tem amor por ninguém, nem por ela própria. Hoje se ama pelo que você tem e não pelo que você é.

Nós temos visto nos jornais que a violência tem aumentado, onde está o amor? Hoje se mata por prazer de ver o outro sofrer, morrer a míngua.

Hoje a questão da deficiência também não está bem resolvida em nosso país. Eu digo por que vivo essa realidade e sinto um peso para minha família, somente uma forma de prover dinheiro. Eu me sinto um nada, e as vezes desejo até a morte! Porque sinto uma morta viva; porque sinto que morria a cada dia.

Eu preferia levar um tapa a sofrer a pressão que sofro dia após dia. Eu diria que entre os animais existe mais amor e são mais sinceros do que o ser humano. Nós temos no meio dos animais que cuidam de sua cria. Já o ser humano tem se mostrado totalmente sua imagem irracional que faz o que for preciso para consegui o que quer! Independente de quem seja.

Não se engane, seja realista, o mundo está voltando a ser primitivo onde valia tudo para conquistar o poder.

Comentário:

Esse texto foi escrito por minha namorada que tem o mesmo dom que eu e gosta de escrever. Dois aspectos muito interessantes desse texto, são de maior relevância que pode deixar mais fácil o entendimento sobre o entendimento a idéia do tema sobre a inclusão sem o discursinho hipócrita de movimentos que se dizem fraternos.

Primeiro aspecto: podemos observar um caráter sociológico que contem o texto e que ela tem as mesmas idéias que eu. Comprova o que sempre disse sobre o intimo do ser humano, todos dizem serem liberais e democráticos, mas isso é a pior mentira que se pode contar a alguém. Como ela disse: “Muito se falou sobre o nazismo em especial em Hitler, pela sua crueldade, mas acredito que todo ser humano tem um pouco de Hitler.” É mentira? Quando olhamos uma pessoa com problemas de pele ou um amputado, no primeiro momento não sentimos asco? A um tempo atrás, uma juíza e hoje é deputada (não me lembro o nome), disse que tudo que é diferente nos dá “asco” de se ver, todos disseram que ela exagerava. Não, está...todos que vê um deficiente nas ruas as pessoas tem um ar de pena, de impaciência pela pressa de uma vida vazia.

O tema é muito amplo e nos remete até o ponto que tanto chego o problema não é a sociedade e sim a própria família. Neste simples texto comprova que a maioria das fraternidades mais esconde em sua intima formação.

Segundo aspecto: quando ela diz: “Hoje a questão da deficiência também não está bem resolvida em nosso país. Eu digo por que vivo essa realidade e sinto um peso para minha família, somente uma forma de prover dinheiro. Eu me sinto um nada, e as vezes desejo até a morte! Porque sinto uma morta viva; porque sinto que morria a cada dia.”

Ela diz que sente ser uma morta viva, porque sua família faz o que a maioria das famílias fazem, prendem o deficiente. Agora vamos mais a fundo em minha explanação, essa família em particular é evangélica e se diz seguidora de Jesus. Será que eles realmente seguem? É só eles terem lido Mateus 23 que Jesus chama todos os escribas de hipócritas, não só esses escribas ou senhores das leis, mas toda pessoa que usa a palavra das escrituras para comandar e não para esclarecer a obra do Criador. Muitas pessoas tem uma visão ou de interesse ou de distorção a palavra, querem que o Criador façam nas suas vidas o que elas próprias deveriam fazer e ficam com a idéia errada que beijar e pecado, que fazer sexo é pecado, que fazer aquilo ou aquilo outro o é. O que é pecado está nesse parágrafo, aprisionar e acometer uma pessoa a ser e a se sentir culpada se sentindo uma “morta viva”.

Se pensarmos direito, ninguém tem o direito de aprisionar ou de obrigar ninguém a fazer ou não fazer é um direito que é assegurado dentro da constituição federal. O que acontece que a maioria das pessoas mais velhas não mudam o foco de suas crenças e de seus conceitos e atrapalha o progresso humano nos amarrado em tradições muito pouco viáveis, ou em vícios que nada ajudam no progresso de si mesmos. Nesse caso, o que se pode fazer senão os movimentos se unirem como os outros movimentos das "minorias" que tem até articulações políticas e fazem e acontecem? Porque o medo de perder nossa dependência é muito maior, pois é muito mais fácil sai pregando que a pessoa é o agente do seu próprio meio, do que apoiar pelo menos a pessoa que tanto a religião e quanto ideologias estragam e aniquilam o diretos civis das pessoas com deficiência.

É muito pouco provável que o ser humano faça por si mesmo, é muito pouco provável que ele deixe suas amarras paternalistas para apoiar em si e sua força de vontade. Isso é prova que todo ser humano é perverso, desumano e hipócrita até a ultima gota de sangue.

Thursday, May 28, 2009

Freedom



Esse texto não é meu, mas de uma grande amiga do yahoogrups Maria Helena contando um pouco da luta de seu irmão surdo e acompanhando esse texto nada melhor de que uma musica de 1990 que fala de qualquer liberdade,  George Michael Freedom:

Amauri

 

Vou aproveitar este tema, embora não tenha sido esta a intenção do Marcelo, para colocar um problema sério aqui no Brasil. Meu irmão é surdo bilateral profundo, último estágio antes da surdez total e é oralizado.

Anatomica e fisiologicamente não existe surdez total ou mudez total, apenas pessoas com pequenos resíduos auditivos que são descobertos por meios de testes de orelhinhas por ocasião do seu nascimento (obrigatório em todos os hospitais públicos) e que podem em última instância, recuperar a audição por meio de cirurgia de implante coclear, custeadas pelo Governo Federal, por meio do Sistema Único de Saúde - SUS (O Brasil é o segundo país mais avançado do mundo nesta especialidade) e em outros casos, adotar, de acordo com o grau de deficiência, o uso de próteses auditivas (também custeadas pelo Governo através do SUS). Os médicos em geral desconhecem estes recursos e não orientam adequadamente as pessoas, sobretudo as mães, uma vez que, os pais são os primeiros a sair de casa por não suportar o ônus de assumir as responsabilidades com filhos deficientes auditivos.

Quanto à mudez, o que acontece é que o surdo, quando não educado no processo da fala, acaba atrofiando as cordas vocais e com isto, assume o mutismo. Outros, durante o seu aprendizado, sentindo a dificuldade em falar corretamente assumem covardemente o mutismo. Todos usam por comodismo a linguagem gestual classificada como Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - para se comunicar. 

Pelo diagnóstico dos Médicos e dos Fonoaudiólogos e lamentavelmente dos falsos técnicos no assunto, eles entendem que o melhor caminho para a pessoa surda é a comunicação por meio da linguagem LIBRAS, porque é mais barato e, dentro da lei do menor esforço, muito mais fácil para se comunicar do que por meio da oralização. 

O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial, realiza o processo de educação da pessoa surda pelo bilingüismo, isto é, as crianças aprendem nas escolas especiais, simultaneamente, oralização e linguagem de sinais. O grave problema que vem acontecendo é que, novamente dentro da lei do menor esforço, as crianças estão sendo desestimuladas a se oralizar e estimuladas a se comunicar exclusivamente através da LIBRAS. 

Meu irmão é conselheiro do CONADE (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência) integrante da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e cansou de interromper oradores (muitas vezes no Congresso Nacional, durante audiências públicas que discutiam o Projeto de Lei de estatuto da pessoa com deficiência) que defendiam o famigerado sistema de sinais e bradavam que alguem com tal nível de surdez nunca poderia falar. 

Meu irmão levantava a mão e dizia: 



-Sou surdo bilateral profundo e falo como todo mundo pode ver, possuo diploma universitário de economista que conquistei com 23 anos e mais de 40 cursos de especialização, inclusive ao nível de Pós-graduação. Comecei a trabalhar com 20 anos e trabalho há quase 40 anos. Era um espanto!

O caso é que, como a natureza humana é egoista e medíocre, os surdos não oralizados tem inveja e rancor dos oralizados. Então, não querem que outros surdos aprendam a falar. Defendem a linguagem segregacionista dos sinais com unhas e dentes. Como assumiram todos os postos importantes no ramo, eles conseguiram que a linguagem LIBRAS fosse considerada segunda lingua oficial (nacional) ensinada nas escolas e, por meio de instrumentos legais, que todas as sociedades civis e comerciais tenham intérpretes de LIBRAS para se comunicar com eles. 


O grave problema que vem acontecendo no mercado é que as empresas, obrigadas por lei a contratar pessoas com deficiência, resistem em escolher os surdos por que terão que contratar também intérpretes - são duas contratações. 



Outro problema sério é o concluio entre surdos e os intérpretes, sobretudos nos momentos de interpretação nas salas de aulas, provas escolares, vestibulares e concursos. Os intérpretes acabam, involuntariamente, tornando-se cúmplices destas pessoas, muitas vezes em razão da própria subsistência financeira.

Não estou criticando a Libra em si, ela pode ser útil para os que não conseguem mais falar porque não foram oralizados desde cedo. Critico os que, em nome dela, impedem crianças surdas de aprender a falar e ficar integradas normalmente na sociedade como meu irmão, e as obrigam a falar por sinais e a pertencer a um gueto o resto da vida, dependendo de quem saiba usar esta linguagem. 



Claro, aprender a falar exige dedicação do surdo, dos familiares, das escolas especializadas. Mas é possível e não é nenhum bicho de sete cabeças. Sei porque participei e presenciei.



Não é possível que médicos, professores e familiares não percebam que é muito melhor para um surdo comunicar-se através da fala do que viver como segregado restrito aos sinais, no gueto de usuários da LIBRAS. Meu irmão é casado pela terceira vez, tem três filhos, mora e trabalha em Brasília, no Ministério dos Transportes há 34 anos, tem um bom salário e fala até no telefone (tem celular pessoal e percebe a ligação pelo vibracall). 



No entanto, continua uma guerra (que chega a gerar ódios) entre oralizados e usuários das Libras. Meu irmão vem tentando aumentar o número de programas que possam atender os oralizados para mudar esta situação. Devemos lembrar que de acordo com o censo do IBGE do ano de 2.000, 14,5 % da população brasileira é de pessoas com deficiência, totalizando 24,5 milhões de pessoas. Sendo que, destas, 05 milhões são surdos e 04 milhões oralizados. E apenas 01 milhão só se comunica por meio da linguagem LIBRAS. 

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo na legislação da pessoa com deficiência mas estamos ainda, engatinhando, e muito, no cumprimento desta legislação.



Meu irmão usa aparelho de audição mas, em razão da deficiência tecnológicas dos atuais aparelhos telefônicos e sobretudos dos aparelhos celulares adaptados, pela falta de cumprimentos destas leis, muitas vezes não ouve bem o que é dito ao telefone e pede ajuda de alguém ao lado para falar por ele. Também usa as legendas da TV aberta em alguns programas como os noticiários e novelas, mas luta no CONADE para que os filmes nacionais e todos os programas de TV abertos e a cabo sejam legendados, como também possuam descrição de imagens para atender os deficientes visuais. 



Enfim, tive que escrever, apesar da falta de tempo, porque este assunto me mobiliza. É uma maldade que não consigo entender impedir outros surdos de terem o que meu irmão tem em nome da lei do menor esforço, dos desinteresses dos governantes e da inveja e egoísmo de poucos. 



E a LIBRAS cresce cada vez mais no Brasil. Meu irmão luta com moinhos de vento. Mas como é determinado e obsessivo acho que pode vencer. 



beijos frustrados,



maria helena bandeira

Saturday, May 23, 2009

Jesus o revolucionário


Vamos deixar o grande rabi falar por Matheus e volto logo depois para comentar...

Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. - E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? - Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (S. MATEUS, cap. XVII, vv. 14 a 20.)”

Jesus, nosso exemplo de persistência, chamou o povo de incrédulo e depravado. Na bíblia evangélica está geração incrédula e perversa que acaba sendo a mesma coisa, pois tanto perverso pode ser depravado. A depravação de uma cultura pode ser perversa por destruir uma crença, que Jesus quis passar com total maestria, que estavam depravando os ensinamentos de Moises. Esse espanto pode ser um sentimento de real espanto da falta de credulidade e fé de um povo que se acha os escolhidos, tanto são, que não reconheceram Jesus como messias salvador. Para não me acusarem de anti-semita que sei que vão, meu sobrenome Nolasco vem de uma casta semita, ou seja, pode ser que não tenho sangue, pois existe um santo com esse sobrenome e muitos davam eles aos filhos por causa de algum milagre ou algo parecido; mesmo assim, nada tenho contra eles, mas achei interessante tal fala de Jesus.

Como hoje que vejo muitos mais crédulos, muitos mais pessoas dizendo as palavras de Jesus e nada fazer para fazer. Isso é ter fé? Fé é muito mais um ato de repetir as palavras que estão no evangelho, muito mais do que “encher” a boca para falar que pertence daquela religião ou não, mas que faz que ele pregar. Estou dizendo que como Jesus mesmo disse, muitos são chamados e poucos são escolhidos, ou seja, muitos se sentem chamados, mas poucos são que se sentem na sua essência escolhidos. Como os judeus na época, vivemos uma depravação com os verdadeiros ensinamentos que estão ocultos, por causa exatamente dessa depravação dos ensinamentos de Jesus. Como esta num evangelho e no outro, pois os evangelhos deveriam ser universais e não mudar palavras, como se quisessem dominar o pensamento das ovelhas (será que por isso são chamados de pastores?). Eu também gostaria de saber se alguém tem alguma intimação para falar em nome de Jesus.

A questão gira em torno do que realmente consiste os ensinamentos, como vimos milhares de igrejas pedirem esmolas, ou que milhares de fieis não doarem sangue nem seus órgãos, por causa de crenças infundadas. Onde fica a caridade? Para mim a questão chega a ser muito mais profunda e ainda abrange a questão da inclusão, que muitas pessoas apóiam, mas que no fundo existe uma questão muito mais duradoura que a “infantilização” do deficiente. Uma casta do cristianismo (a geração infiel) nos vê como crianças eternas, outras castas (a geração de depravados), nos vê como humanos se nos curar e nos fazer andar. Os doutores da lei ainda depravam a fé e ainda depravam o que a sociedade mais quer, pois o mestre nos disse que não trouxe a paz e sim a espada, não é uma questão de ser pacíficos ao ponto de nos alienar e sim, serenidade para melhor nos conhecermos.

A questão de religião como a questão de inclusão esta no intimo e é muito mais do que prédios e rampas, é uma questão de nos autoconhecermos para suportar e superar esses pensamentos hipócritas. Acho que fico um pouco com aquela imagem que Jesus expulsa os comerciantes da “casa do pai”, porque no meu entender são todos fieis, infiéis.

Thursday, May 14, 2009

Eram nós deuses deficientes?


Eu gostaria de agradecer ao mais novo texto do meu mais novo amigo Pablo do blog “O que é Direito?” e dizer que é uma honra imensa ter meu nome mencionado em dois dos seus textos de direito. Aliás, gosto muito de estudar a matéria e estou lendo o livro do Professor Miguel Reale Filosofia do Direito que é muito bom e recomendo, mas minha vocação tende mesmo a publicidade onde estou cursando a distancia. Mas devo acrescentar alguns aspectos do meu outro texto que escrevi e dizer mais algumas coisas alem, pois como sempre, viajo na maionese bonito (risos).

Em primeiro esse nome é uma provocação, pois ele veio do livro do suíço Erich von Däniken “Eram Deuses astronautas?” onde ele especula que civilizações antigas teriam tido contato com extraterrestres. Não tive o prazer de ainda ler, mas meu texto é uma provocação ao que chamo de “angelização” da pessoa deficiente física, palavra essa que eu mesmo inventei para a condição que a sociedade nos impõe, uma condição andrógina. Todo ser andrógino não tem sexo, porque eles não tem os dois pólos, tanto o feminino como o masculino, como anjos que não existe sexo. Mas por que o nome? A sociedade nos vê como “deuses” alienígenas que não temos um vinculo com o mundo e a humanidade, que para mim é um simbolismo barato, um simbolismo que nós que estudamos publicidade sabemos muito bem que são apenas jogos de linguagem; como um slogan, “sempre Coca-Cola” ou “casa Bahia- liquidação total a você”. Pois não podemos falar de sexo, diversão e arte como diriam a musica do Titãs, “Comida”.

Em segundo, muitos amigos se sentem fora da civilização humana e não vem o mundo em volta, se fecham no seu próprio mundinho e esquecem que existe uma cultura humana, que somos humanos também. A pouco tive uma discussão num grupo do Yahoo de deficientes chamado Ciadef onde o colega disse que entre o blog do nosso colega Eduardo e o meu que falava de muitas coisas, ele ficava com o blog dele que falava de cadeiras de banho e tal. Isso mostra que as pessoas deficientes se fecharam em seu próprio mundo, esquecendo que o mundo lá fora inventou as cadeiras de banho, as muletas e as cadeiras de rodas. Respondi que “falar de cadeiras de banho não é meu forte cara”, porque não acho relevante analisar coisas que eu acredito dentro das cadeiras de banhos e sim, tentar ajudar os deficientes a ter uma visão ampla do mundo. Só faltam me convencer que devo orar e fazer oferenda a Hefesto, o deus coxo da antiga Grécia, porque é deficiente.

Achei muito interessante a analise do amigo Pablo sobre que nomes devem nos chamar, pois eu acredito que há uma distorção a esse respeito, mesmo se tratando na constituição nacional. Para começar, para pessoas que tem tudo resolvido dentro de si sobre deficiência não vai se importar de se chamado de “aleijado”, “coxo”, ou outro nome qualquer e sim, se importar com a maneira que essas pessoas lhe tratam; por isso sempre fui contra as nomenclaturas do tipo “pessoas com deficiência” ou “portadores de deficiência”, sempre algo do tipo, como isso fosse uma “dor na consciência” da humanidade por tudo que foi feito conosco, o mais recente, as inúmeras eutanásias e mortes pelos nazistas. Mas eu não ligo que me chamem de aleijado dês que tenham idéias fortes dentro dos argumentos para me chamar como tal, se não, será esculachado por mim e esquecido no limbo dos lixos das idéias inúteis. Penso que não preciso de carinhos no meu “ego” para ser um ser humano, como os negros precisam porque querem vingança e não aceitação, nós deficientes não queremos e sim aceitação diante a sociedade. São apenas, como diria o Cazuza, “mentiras sinceras...”.

Entre a palavra “eficiência” e “deficiência” existe varias versões e significados que para mim são símbolos e estereótipos de séculos de preconceito e visões erradas, visões essas que não mudam e não vão mudar nossa condição física. Posso ser um deficiente físico eficiente dentro do que faço melhor do que umas pessoas ditas “normais”, para mim é pura relatividade. Alias, essa é uma discussão filosófica de séculos e porque não milênios, pois historicamente cada época tem suas idéias. A uns duzentos anos ou mais, o normal era ter escravos, a séculos atrás o negro como o índio, era dito pela igreja católica como sem alma, não tinham alma e era como animais. Hoje o normal é mostrar o que está errado, principalmente, o quanto se fala de crimes; a policia não pode mais repreender porque os criminosos têm direitos, mas o meu direito que contribuo para a sociedade? Claro que não sou a favor da pena de morte, pois seria uma fuga ótima para esses “patifes”, e sim, trabalhar e pagar tudo que estragaram, até sustentar a família dos trabalhadores que eles tiraram a vida. Isso é um mundo normal? Uma sociedade que cultua a “putaria” não pode e nem deve ser chamada de normal, para mim é uma sociedade anormal querendo ser normal, crianças buscando uma identidade dentro de sua próprias solidão. Lógico que não sou santo, mas exagerar é aberração, seria como se atirar contra o muro num carro a 120 por hora.

“O que faz com que determinadas características sejam deficiência é uma mera construção social, construção esta que estou convencido encontra-se ligada à aptidão das pessoas para desempenhar determinadas as tarefas tidas como desejáveis pela sociedade, o meio social tende a considerar com deficiência, portanto, a pessoa que julga incapaz para contribuir positivamente.” (Feitosa Gonçalves, 2009)

Não poderia ser mais bem escrito, meu amigo Pablo disse tudo em um só parágrafo que agora vou destacar: O que faz com que determinadas características sejam deficiência é uma mera construção social” (grifo meu). Sim amigo Pablo, é apenas uma desconstrução social da nossa humanidade, é medo do ser humano da condição de não poder fazer as coisas que sempre faziam. O preconceito nada mais é que a condição que o ser humano não esta isento, não estão isentos de ficar deficientes e de ser deficientes, ou de alguma outra etnia ser melhor, de sermos uma formiguinha diante do cosmo. Por que rejeitamos tanto Adolf Hitler? Porque mostra o que a humanidade tem de pior, preconceito contra os judeus porque nós cristãos queremos vingança graças a morte de Cristo pelos escribas e a superação deles por serem unidos, morte aos incapacitados graças a deficiências de alguns membros da alta cúpula como Gobbels, o ministro da propaganda nazista que era acometido de paralisia infantil, medo de admitir que não eram e nem são perfeitos e que não somos tão semelhantes a Deus como imaginávamos e Freud trata isso muito bem. Os três “tapas” do ego humano, um foi Copérnico que disse que a Terra não é a “jujuba mais gostosa” do universo, nosso planeta gira em torno de uma estrela de quinta grandeza, aliás. Segundo foi Darwin que disse que não somos o topo da cadeia animal, mas um meio de um processo que ainda não terminou e não sabemos onde vai parar e o terceiro foi Freud que com sua psicanálise, disse que não somos o que somos realmente e sim vestimos uma “mascara” social. Ai Freud chegou onde queria, esses “desejáveis” sociais são aqueles que melhor vestem essas mascaras, são os que mais a humanidade elege como perfeitos.

Lembramos as nobres verdades budistas que dizem não se apegar ao ego e sim sentir o que o outro sente, ver o que o outro vê, enxergar o que o outro enxerga. Essas mascaras nada mais são do que o ego de uma ilusão, eu desejo, por exemplo, uma mulher igual a Angelina Julie, mas para isso enxergamos somente a que fazem dela, não enxergamos ela realmente. Não vimos que ela pode ter os mesmos defeitos de qualquer mulher, pode brigar por ciúmes, pode ter uma diarréia após comer algo estragado, mas é o estereótipo da mulher perfeita é que predomina. O mesmo podemos afirmar as pessoas que tem alguma deficiência, ela é “feia” de se enxergar, isso vimos muito quando uma criança pergunta e aponta a mãe diz ser feio fazer isso. Não se apegar a nada é também não se apegar a imagens, a dizer e fazer imagens de uma pessoa e uma condição é alienação.

Eu sempre costumo dizer que vários intelectuais tentam “estuprar” minha inteligência com tanta asneiras, que ficamos perdido como podemos definir uma sociedade brasileira imatura que chamo a ‘Sociedade da Putaria”. Perdoem meus palavrões, mas não vejo outro remédio e outro adjetivo para se referir a essa anomalia que o Brasil vive e vai viver muito ainda, se não largar a ilusão social que o governo vai carregar neguinho no colo, pois não vai e penso que a defesa tem sim de ser feita com os movimentos. A subalternação nada mais é do que a falta de ação desses movimentos que ao formar seus membros pecam na falta de informação adequada. No mais fico com meu amigo Pablo quando diz: “Como eu costumo dizer, todos temos características que desejamos manter ocultas das outras pessoas, pra isso o direito protege nossa “intimidade”, incluindo aí desde nossas características realmente íntimas até nossas falhas de caráter que não queremos que os outros vejam...”. Falhas de caráter que ate dirigentes de entidades e movimentos tem, escondem pelas imagens de “bons” mocinhos que querem passar, mas soltam “pum” como todo mundo. Daí algumas pessoas: “…não conseguem esconder determinadas características suas e, por conta disso, eventualmente podem ser estigmatizadas socialmente, e só quem passa por esse processo é que sabe o que ele representa!”.

Muito mais gostei da frase do texto que diz assim: “Não se trata de pena, mas de oportunidade! Isso é o que todos os subalternizados precisam afinal!”. Oportunidade de viver nossas vidas, casando, trabalhando, pois como disse meu ídolo Renato Russo: “o sistema é mal, mas minha turma é legal...”. Minha turma é legal e quer uma oportunidade num sistema que visa o perfeito, nem a Melancia ta isenta de varizes e estrias, nem um grupo ta isento de fazer sucesso um verão só. O perfeito dentro da natureza não existe, pois como diz Lavoisier na natureza nada se perde e sim, se transforma. Um dia a matéria que nos forma vai passar a formar outra massa, como nossa massa molecular já foi uma estrela, simples. Mais ainda, o mundo é feito de fatos e não de coisas, já dizia o filosofo austríaco Wittgenstein, assim um fato que pode ser escrito ele é símbolos de algo que a humanidade vive e não uma coisa para ser manipulado ao bel prazer de alguns crápulas.

Daí, se o amigo me permite uma sociedade que diz ser “normal” e tem a lei de Gerson, não seria uma sociedade deficiente moral que é muito pior do que a deficiência física? Digo física numa maneira visível, mas abrangendo todas as características deficiências possíveis. Lembro que quando o ator Gerson Brener ficou deficiente por causa de um tiro de assalto na rodovia, a mulher largou ele por ele ter ficado assim. Não julgando, mas seria justo que ela fez, pois quando ele era bom, saudável e bonitão servia e quando ele ficou assim não? Somos seres descartáveis? E a mulher do físico teórico Stephen Hawking que enfrenta coisa pior e ficou com ele mesmo assim? Será que ela não estava com ele pelo status que lhe dava? Amor visando sexualidade e status não é amor, é “fogo no rabo”.

Fugi um pouco e voltei, mas é que minha visão é muito abrangente e não se limita a uma unilateral que o ser humano é viciado e ver, visões unilaterais têm tendências de serem ilusões aos alienados e os ignorantes. No mais agradeço meu amigo Pablo a mais um texto referindo a mim e aos deficientes que sim merecem respeito, claro que não somos santos, temos defeitos como qualquer um, mas o que precisamos é oportunidade. Obrigado!

Saturday, May 09, 2009

O que é ser uma pessoa com deficiência?



Acho que já passa da hora de reformularmos o conceito de deficiência, não para caracterizar determinadas características das pessoas, mas, para classificar suas posturas perante a vida!
(Francysco Pablo Feitosa Gonçalves)

Gostaria de agradecer ao colega do blog “O que é direito?” que escreveu sobre as condições que as pessoas com deficiência – por mim chamadas como pessoas deficientes mesmo, porque temos que passar nossa real situação e não formalidades inúteis – que passam diante as dificuldades. Se o colega não se importar desejaria comentar algumas partes que eu achei interessantes dentro do texto que gostei muito.

Primeiro fiquei refletindo sobre o que seria a palavra “subalternização” e fui procurar no dicionário, daí percebi que já sabia e num lapso de distração e não associei. Quando escrevi o texto “Deficiência e Preconceito” eu tinha lido o texto “APARTHEID CONTRA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA” de Ana Paula Crosara de Resende e achei ótimo a referencia que se fez da palavra “apartheid” que foi muito posto em pratica em uma época na África do Sul. Aliás, a palavra quer dizer que se faz uma separação, a própria palavra tem o significado “vida separada”. Temos uma vida separada? Claro que temos! Primeiro não temos inclusão nos transportes, temos ônibus próprios para nos transportar, ao invés de ter adaptação em “todos” os ônibus, pelo menos em São Paulo e os estados dos Sul, lá para cima não se tem uma vida digna de ser descrita. Muitas pessoas que moraram ou nasceram no nordeste, descreve que muitas pessoas com deficiência são presas em suas casas e não podem sair por vergonha da família.

Será que o Apartheid que a escritora disse é o mesmo que o caro colega Feitosa quis dizer com subalternização? Penso que esses dois temas podem ser descritos como termos simbolizando o que as pessoas com deficiência sentem, uma vida separada que a sociedade sente que não somos capazes de superar e uma certa subalternização diante da família no qual alguns dependem. Eu, por exemplo, não posso dizer que não dependo tanto de minha família, muitos dependem e isso não é um luxo não, a família muitas vezes quer que dependam deles para subproteger. Conheço muitos casos assim, que a pessoa além de depender da família ainda tem que agüentar subalternização da própria família, até muito pior, existem famílias que usam o beneficio dessas pessoas para pagar alugueis e coisas assim. Tenho um caso desses dentro do meu convívio, meu namoro é feito desses fatos, se paga o aluguel com o beneficio de minha namorada e ainda é feita varias chantagens emocionais e até a proibição do namoro, se ela não fazer o que a família quer, é o inferno sobre a Terra. A mãe por sua vez, mexe na bolsa dela a cada nosso encontro, sendo assim, essa idéia no governo de dar o “pátrio” a mãe é perigoso, porque nem sempre são pessoas equilibradas. Para mim, a avaliação psicologia do responsável é primordial para se pensar em direitos das pessoas com deficiência.

Outra coisa é achar que o mundo é um mar de rosas, fatos comprovam que essa subalternização não ocorre só com a família, mas muitas entidades e escolas especiais que submetem essas pessoas. Por oito anos tive dentro de uma oficina abrigada que fazia serviços para empresas que pagavam uma mixaria, essa oficina era dirigida pela entidade AACD que vivia dizendo que só dava prejuízo, sendo que diziam e dizem ser filantrópicos. Nessa oficina vivemos todo tipo de privações, não podíamos namorar, não podíamos ir ao banheiro dois de uma vez, não podíamos almoçar conversando. Fora que na época, meu pai pagava oitenta e nove reais por mês, se pagava para trabalhar e não poder fazer nada, umas coisas como namorar a culpa foi de uma mãe “insana” que disse que se acontecesse alguma coisa com a filha dela iria chamar a policia. O serviço era precário e muitos que ali estavam era mandado pela própria entidade que chegava a avaliação que essas pessoas não podiam estudar porque não podiam aprender. Agora no Teleton dizem que são “santos” e lutam pela inclusão da pessoa com deficiência, que é uma inverdade diante desses fatos que escrevo, não somos submetidos a subalternização só das famílias.

Também existem casos na Estação Especial da Lapa aqui em São Paulo que é dirigida pelo governo do Estado, mais precisamente a primeira dama, que tratam a pessoa com deficiência física o mesmo que as de deficiência mental. Isso porque não há uma separação – lógico que não sou a favor de separar, mas as vezes características imaturas são confundidas com características da deficiência mental – da pessoa que tem deficiência física e aquela que tem deficiência mental. Assim todos são tratados como deficientes mentais, como se não houvesse um pingo de processos cognitivos dessas pessoas para uma avaliação que elas não podem ser tratadas como “crianças”e sim como adultos. Como se característica a infantização são totalmente culpa do estabelecimento em si mesmo? Acredito que realmente é um fato que é colaborado pela família da pessoa com deficiência que interna a pessoa em lugares como esses para alienar e subalternar elas. Seria um ato de ignorância? Não é. Essas pessoas sabem muito bem o que pensam e querem uma separação da pessoa com deficiência e a sociedade em si mesma, para não perder em alguns casos, o domínio delas dentro do núcleo familiar.

Ainda a coisa chega pior ainda, alguns movimentos que se dizem a “favor” das pessoas com deficiência fazem “corpo mole”. Sei lá se é um ato de má-fé ou de ignorância, mas o fato é que esses movimentos se recolhem em seus próprios núcleos e esquecem que existem pessoas que precisam de nossa ajuda. Não se precisa de atos políticos, mas atos de ajuda usando a lei doa a quem doer, seja com amor, ou seja, com a dor. Esse movimento que participei a dezoito anos chamado Fraternidade Cristã das pessoas com deficiência, foi fundado por um padre Henry François na França e 1942. Ele era doente e só foi feito padre, para morrer satisfeito de se tornar o que sempre quis ser, visitou muitas pessoas que foram mutiladas por causa da guerra. Uns dos seus lemas já com o movimento em andamento é que a pessoas com deficiência tinha que levantar e andar como estava no evangelho, coisa que ocorreu até certo momento dentro do movimento, porque se estagnou a luta da pessoa com deficiência dentro do próprio movimento. Tanto no caso da bolsa que a universidade Unip não quis me dá, que disseram que é uma coisa pessoal, tanto na falta de apoio na minha coordenação de uns dos núcleos de São Paulo e até o caso da pressão psicológica que minha namorada sofre correndo risco de vida por causa que ela tem arritmia cardíaca; simplesmente fecharam os olhos sobre esses assuntos, deixaram de prestar atenção a pessoa com deficiência e puseram sua atenção ao ato político em si. A Lourdes Guarda, umas das mais ativas fraternistas dentro do movimento e não porque não dizer fundadora dela aqui no Brasil, que morou num quarto de hospital toda vida teria ou tem – quem acredita e vida pós morte como eu – vergonha da luta ter acabado com um conformismo sem vergonha arraigado de sofismas sem menor utilidade. Perguntar pra mim o que quero que seja feito é um ato no mínimo a afronta a minha inteligência, pois não vou ensinar lideranças que estão tantos anos ai na luta, leis que deveriam saber. Cárcere privado é crime, com pressão psicológica piorou, ainda mais preconceito que é crime inafiançável. Um amigo que após minha saída desse núcleo ficou coordenador do mesmo me mandou um texto do Conade onde protestam sobre a redução de 5% das cotas das empresas para 3% graças ao safado do Senador Sarney olha o que respondi a ele:

“Ai vou te fazer uma pergunta pertinente a esse e outros artigos (pode me ligar pra me xingar se quiser)...o que o movimento pensa das micro dificuldades da vida? Sim! SE o movimento, leigo, que se diz ecumênico, e tem uma força que não sabe, tem feito? É amigão, nos conhecemos a dezoito anos e você sabe como penso, se o movimento não tem capacidade de resolver as micro dificuldades das pessoas com deficiência, não vai ter a capacidade de resolver um artigo do filho da puta do Sarney? O Vicente me procurou porque o shopping que ele foi tirou o elevador e disse que tinha rampa e não precisava de elevador...sabe que eu disse? Disse que a FCD não tem esse tipo fde luta porque dizem ser pessoal ai sabe que ele me respondeu? Tudo bem sempre fui SOZINHO...esse é a porra do sentimento quem passou no movimento, sentimento de solidão...

O que vou falar para os outros? Olha, estou com uma puta dificuldade de encontrar meios de ajudar a Marley a sair do julgo da família, o que posso dizer a ela? To aqui com meu coração sangrando porque a mãe dela (tida por vc como santinha) quase bateu na marley por causa de um copo de água...vou repetir, por causa de um copo de água. Então Carlos, como você mesmo disse pra mim, vc nã é burro, lembra que a Dona Lourdes Ribeiro já fez pelos deficientes até pular o muro? Precisamos amigão, pular o muro do egoísmo e parar com discursinhos hipocritas, temos que lutar sim contra de decretos como este desse canalha, mas temos também amigão, lutar pelos nossos e isso é praxi dentro de qualquer moimento. Amo demais a frater, só fiquei magoado por causa das circunstâncias, mas eu amo essa causa e Deus sabe o quanto quero lutar por ela, não deixem eu desanimar...nesse momento estou dando uma chance de mostrar tanto pra Marley quanto pro Vicente que eles nao estão sozinhos...se vcs fizerem eu acreditar, pode crer que eu volto, volto como uns dos maiores colaboradores que esse movimento ja teve...sinto que os que ja foram, guiam a mim para escrever isso a vc, somos espiritas e sabemos que eles podem fazer...

Preciso acreditar...”



Não preciso dizer mais nada, como disse no e-mail, não precisamos de discursinhos hipócritas e sim entrar na luta da pessoa com deficiência para valer seja com a dor, ou seja, com o amor. Pois é muito perigoso temos em mente que é muito melhor construir do que destruir, tudo na natureza é feito destruindo para construir; em todo o seguimento se vê que a pessoa com deficiente está com o estereotipo de inútil, de imprestável, que não pode fazer as coisas e não é verdade. No próprio segmento está assim, é muito melhor sermos conformistas do que sermos lutadores, é muito melhor sermos conformistas. Parafraseando Nietzsche só fazemos nosso próprio céu (ou paraíso) dentro do nosso próprio inferno, ou seja, não temos que viver somente no “paraíso” tem que ter nosso próprio inferno.

Bom, agradeço mais uma vez o caro colega Feitosa por esses palavras: “Não o conheço além dos posts que li no seu blog, mas posso dizer que tanto é difícil traduzir o que é ser uma pessoa com deficiência meu caro Amauri, como é fácil perceber que você é uma pessoa eficiente!” e dizer que ser “eficiente” é muito mais difícil do que ser deficiente num país que ainda vigora o “paternalismo” que gera sim o subalternalizacao e o Apartheid não só da pessoa com deficiência, mas a linha de pobreza toda.